quinta-feira, 24 de março de 2011

Inevitável queda eterna

Sinto a noite cair
E ao invés de cair também,
Minha dor aumenta,
O vazio impossível de se preencher é mostrado.
Cratera gigantesca,
Que abriga dragões e seres grotescos.
Todos tão sedentos quanto eu.
Em busca de alívio,
Mas não é isso,
Movimento e satisfação, sim,
Um voo talvez,
Que alcance as alturas
E paire por séculos,
Sedimentando angústias
E decantando em paz.
Serão dragões e gárgulas num voo louco,
Numa sinfonia de urros,
Que acordarão os antigos dinossauros,
Para bailarem na Terra.
Porque estes também possuíam crateras,
Até que a cratera maior os petrificou.
E quem sabe é essa a resposta.
Talvez somente depois de extintos
paremos de sofrer.
Somos os dinossauros do nosso tempo.
Vagando pelo mundo
e cuidando para não cair nas crateras de outros;
No vazio infernal que cada ser carrega em si.
Temos certeza da nossa futura extinção inadiável
E mais certeza ainda na impossibilidade
de preencher esse vazio imenso.
Que os futuros olhem nossos fósseis,
daqui há muitos milênios,
E saibam que sentimos o mesmo que eles.
E assim nossos antepassados
E os deles,
E os anteriores.
Numa cadeia de dúvidas
que nunca foram respondidas.
Mas que isso não tire deles a esperança,
Pois é necessário descobrir o jeito,
Preencher o buraco com algo.
Falta só saber com o que.
A missão será deles.

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