terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Em movimento

Depois de um turbilhão,
a calmaria é certa
Venta pouco então.
Fica tudo calmo.
Calmo até demais...
Então esquenta novamente
                          o que por pouco repousou
Esquenta e mexe
E move o que na verdade nunca parou.
Parar é certeza.
Parar é aceitação.
E a única certeza aqui é a dúvida
Por isso o movimento.
Pega o caderno e põe na bolsa.
Logo o trem vai passar
E quem fica não descobre o novo.
Há algo esperando depois da esquina
A luz em excesso não deixa ver
Mas eu uso óculos escuros
E tomo o rumo até lá.
O andar ajeita as coisas
a mente, o mundo.
E tomar um rumo é preciso
Um não,
dois ou três talvez.
Pois o vento anuncia a tempestade
Basta controlar o peito
                            e o navio.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Entre um problema e outro poema

Não existem poemas problemáticos
Existem leitores desatentos
Que não percebem que aquele "opa!"
continha mais de 130 versos
Abandone, pois, essas linhas
Elas são de quem não pensa
Não pense por 15 segundos
Sinta.
Respire, leia e sinta.
15, 30 ou 120 anos
O tempo para de agora em diante
Só passa se quiser.
Se eu quiser queimo lenha
ou alguns neurônios...
Leitores desatentos
Queimem alguns
Os meus queimaram quase todos
Agora usam o que resta
                               para sentir
Dois,
nós dois,
os meus todos,
mais os teus.
Nossos.
Todos num só entoar.
Problemas sem fim
Poemas sem alento
Eu aqui à toa
E tu, meu leitor, desatento.
Existirá problema
ou somos nós a rir de nós mesmos?
Piada repetida
         dezenas de vezes.
Mais duas cervejas
e esquecemos de tudo
O poema continuará aqui
E nós, problemáticos, a pensar
Seremos nós simplesmente a contar?
Ou o mundo, aos poucos, a se revelar?
Que sejamos o que for.
Ontem, agora,
problema e sempre
Eu, tu,
poema e longe.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Duvidei!

Pois colorir a vida
e escrever caminhos é o que faço
A poesia é a forma de duvidar.
Duvido de tudo que existe
E pra mim nada se concretiza
                             enquanto eu não provar.
É assim que funciona
Quebra um lado,
Conserta o outro.
Os caminhos nasceram turvos
Basta que a gente saiba trilhar.
Não me ensinaram a regra do jogo
Só me disseram pra jogar.
Eu, solta pelo mundo,
me pus a duvidar.
Duvidei de dois ou três
Quatro me provaram de cara.
Me disseram "segue a linha do horizonte"
Aquela linha longa que nunca para.
O mundo então é redondo
Alguns me disseram "sim"
Até disso duvidei
Quando vi a lua é que dei por mim,
Sombra curva no céu
A lua, a Terra sombreia
E eu aqui parada,
rindo de zombeteira!
Quando me ponho muito a pensar
Já sei, lá vem poema
Então corro pra caneta e papel
E deixo o coração vazar.
Já era pra eu ter aprendido,
poetisa não tem caminho certo.
Certo é caminhar
com papel, caneta e dúvidas no lugar.
No lugar de que?
Na mão, na bolsa
              ou no coração?
Em todos os lugares
e em lugar nenhum.
É que eu duvido também do ar.
Vai que ele sopra
e leva meus poemas pra outro lugar?!
Mas é para o mundo que escrevo
Então deixo o vento ventar.
Deixo a água correr
E essa caneta azul deslizar
                             papel abaixo.
Correnteza forte,
Fluxo de palavras
E emoções à prova.
Junto tudo bem pertinho
Passo a mão nesse poema.
Sorrio de leve, de cantinho.
E deixo o vento levar.
Hoje eu duvido é do meu juízo.