sexta-feira, 15 de junho de 2012

O engano da certeza


Nada como uma certeza para nos enganar

Tomar juízo nunca foi meu forte

Sempre preferi o rum.

Sabe como é...

Se eu tomar juízo terei certeza do que faço,

Se eu tomar um porre

me encho de dúvidas

junto com a ressaca do outro dia.

Se a certeza me toma

sei que errei em algum lugar

E voltar para descobrir seria pior

Vamos deixar a dúvida cuidar disso!

Dose dupla de vodka!

Hoje eu não tomo jeito!

De volta ao mundo real?

Se eu puder, não quero não!

Por mim eu ficava longe

Longe,

onde só o que eu sei importa.

Não é a aparência,

não é a beleza,

nem o sorriso.

É o momento.

Em cada momento, longe, cabe mais.

Não aposto na certeza,

Eu aposto na distância.

A saudade é que dosa a vodka.

Quanto mais, mais eu crio.

E me complico.

Mas não explico.

Pulo o poema,

viro a página.

Minha poesia mais me entrega do que me salva.

Mas eu me entrego

Não fujo não.

Diga agora minha pena!

Que pena, eu não ligo pra isso!

É aí que eu sigo,

Sem rima, sem rumo, sem fogo

Aposto no que a distância me traz.

A estrela torta da noite

O traço não coordena
E não fecha a estrela
Deve ser o céu nublado
Ou o frio que me impede de abrir a janela
A noite segue injusta
Frio nos pés
Frio nas mãos
E mais no coração.
Traço torto
Entorta tudo.
Ideias que seguem uma linha imaginária
A linha não é torta,
a linha sequer existe.
Linha que tricota e borda
Não pinta,
só borda.
Às margens de algo inimaginável.
Imaginem o azul,
numa noite sem estrelas,
Fria.
Estupidamente escura e fria.
Congelando planos,
atos e desatinos,
nunca as ideias
Que, loucas, surgem em poemas soltos
Presos pela linha que não existe.
Uma costura de ideias vãs
Perdidas numa noite solitária
É a velha solidão que me acompanha
Há anos é a solidão que lê os meus poemas
Lê e compõe em co-autoria
Eu tenho o traço torto
A solidão pega em minha mão
e escreve
Acariciando meus pensares
com sua frieza tentadora.
Ó doce solidão, não me abandone nunca mais!