sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Me achei perdida

Acho que eu perdi o que achava certo esquecer
Esqueci o que tinha achado certo meu
Minhas certezas me perdem
e me acho sozinha
Perco as certezas
e as acho vazias depois
Agora quero o que acho certo não esquecer
Depois esqueço o motivo
e acho melhor ainda
Só me faz certo o que esqueço o motivo
Me movo agora pelas minhas certezas perdidas
E acho novamente o que me fez levantar da cama
                                                         e me perder
Perdi, em algum lugar, minhas certeza hoje de manhã
Encontrei!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Alguém avisa!




Alguém avisa os que não ouvem!
Alguém avisa os que me fogem!
Alguém avisa os desatentos!
Alguém avisa que tudo cai!
Porque hoje, eu não aviso nada.
Cansei de ser a placa piscante da tua estrada.
Buzinas, megafones,
Telefones ou despertadores.
35 modos de te falar.
Inventei mais um com este poema.
Dos 36 eu não passo, nem pensar!
Se alguém avisou, eu confio.
Está avisado.
Eu desvio.
Alvo focado.
Atingido pelo grito.
Há alguma outra maneira?
Que eu recorde, não.
Horas e horas.
Alguém avisa?
Avisa que me perdi.
Avisa que muito vi.
Avisa que enlouqueci.
Mas não diga que parti.
Que isso não é verdade.
Se avisares, avisa que te vi.
Avisa que teu perfume senti.
Avisa que a nossa canção tocou.
E eu sozinha cantei.
Alguém avisa!
Alguém que eu não conheça, avisa!
Alguém que me ache doida, avisa!
Alguém que acredita em minhas mentiras,
Alguém tão desiludido quanto eu,
Alguém avisa!
Hoje não aviso nem a chuva pra não cair.
Quero mais é que ela caia!
Caia e avise.
Avise que a chuva é coisa nossa!
Só nossa!
Alguém avisa que estou chegando.
Mas se ligar, não avisa não...
Coragem é meu forte,
Insistência não.
Alguém avisa!
Alguém avisa a dona do carro,
Eu quero sair e estou presa!
Alguém avisa que continuo viva,
Respiro, danço e até grito!
Alguém lembra do meu aniversário,
Passou a pouco, mas nem senti.
Na idade que tenho, pouco importa.
Se é pra ficar, que fique bem torta!
Alguém avisa o bombeiro,
Minha alma queimou,
Virou pó!
Avisaram alguém?
Nem a faxineira o pó limpou.
Sobrou pra mim a limpeza do espírito.
Acendo velas e incenso.
Chama na reza, pra ver se alguém avisa!
Alguém a visa a hora da partida.
O trem sai às 8h,
não vou me atrasar.
Bagagem que é bom,
trate de esquecer.
Aqui é só passageiro. E olhe lá!
Alguém avisa o cobrador,
Embarcaram sem pagar!
Chamem a segurança,
O dono, o gerente!
Levaram meu sorriso e desabei.
Alguém avisa!
Sem sorriso não vivo.
Quem serei eu agora?
Pode alguém viver assim, sem rumo?
Alguém avisa São Longuinho!
Se eu achar meu sorriso dou três pulinhos!
Alguém avisa Santo Antônio também,
Que dele larguei de mão!
Alguém avisa!
Alguém avisa o padre,
Cancelaram o casamento.
A noiva roubou o carro e fugiu!
Alguém avisa que amanhã é feriado.
Será que meu chefe sabe?
Alguém trate de avisá-lo!
Avisem que acordarei tarde,
Ficarei de pijama e comerei pipoca doce.
Alguém avisa!
Alguém avisa que calorias não me apavoram.
Alguém avisa meu médico.
Doutor, vou comer de tudo!
Doces, salgados sem moderação!
Cansei de avisos.
Avisei de tudo.
A todos.

Agora, nem bilhete na porta da geladeira.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Stones em Poa

Ainda estou no céu. Não sinto minha garganta direito. Não sei se foi de cantar enlouquecidamente ou da chuva linda que tomei o tempo inteiro e certamente vai me causar um dano no corpo. No corpo. Porque a alma está limpa! E feliz! God! Está feliz!
Estive entre os gigantes mais uma vez. Dessa vez os Stones. Os fantásticos, lindos, maravilhosos, únicos Rolling Stones! Ainda tremo só de pensar no que vi! Foi lindo! Foi inesquecível!
Não tirei uma foto. Meus olhos não desgrudavam do palco. Era impossível parar de olhar praquele palco lindo, colorido!
O Keith me emocionou como eu sabia que seria quando ele cantasse "You got the silver". Tremi! Ainda tremo. Meu corpo não está suportando a alegria que minha alma contém.
A chuva que caiu foi abençoada! Abrilhantou o momento. Tornou mais mágica ainda a cena. cena que vou guardar com carinho cada vez que escutar Stones.
Foi meu presente de aniversário! Obrigada Mick, Keith, Ron e Charlie! Vocês me fizeram eternamente feliz por uma noite!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

A vida é tão assim


A gente usa muito a mão (pra tudo), por isso corta, machuca, aí dói, aí a gente faz um curativo, achando que tudo vai passar. O curativo fica lindo, ótimo, justinho ao dedo, tudo que precisava. Mas quando menos se espera, a pia está cheia de louça pra lavar!
Ah a vida...

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Em movimento

Depois de um turbilhão,
a calmaria é certa
Venta pouco então.
Fica tudo calmo.
Calmo até demais...
Então esquenta novamente
                          o que por pouco repousou
Esquenta e mexe
E move o que na verdade nunca parou.
Parar é certeza.
Parar é aceitação.
E a única certeza aqui é a dúvida
Por isso o movimento.
Pega o caderno e põe na bolsa.
Logo o trem vai passar
E quem fica não descobre o novo.
Há algo esperando depois da esquina
A luz em excesso não deixa ver
Mas eu uso óculos escuros
E tomo o rumo até lá.
O andar ajeita as coisas
a mente, o mundo.
E tomar um rumo é preciso
Um não,
dois ou três talvez.
Pois o vento anuncia a tempestade
Basta controlar o peito
                            e o navio.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Entre um problema e outro poema

Não existem poemas problemáticos
Existem leitores desatentos
Que não percebem que aquele "opa!"
continha mais de 130 versos
Abandone, pois, essas linhas
Elas são de quem não pensa
Não pense por 15 segundos
Sinta.
Respire, leia e sinta.
15, 30 ou 120 anos
O tempo para de agora em diante
Só passa se quiser.
Se eu quiser queimo lenha
ou alguns neurônios...
Leitores desatentos
Queimem alguns
Os meus queimaram quase todos
Agora usam o que resta
                               para sentir
Dois,
nós dois,
os meus todos,
mais os teus.
Nossos.
Todos num só entoar.
Problemas sem fim
Poemas sem alento
Eu aqui à toa
E tu, meu leitor, desatento.
Existirá problema
ou somos nós a rir de nós mesmos?
Piada repetida
         dezenas de vezes.
Mais duas cervejas
e esquecemos de tudo
O poema continuará aqui
E nós, problemáticos, a pensar
Seremos nós simplesmente a contar?
Ou o mundo, aos poucos, a se revelar?
Que sejamos o que for.
Ontem, agora,
problema e sempre
Eu, tu,
poema e longe.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Duvidei!

Pois colorir a vida
e escrever caminhos é o que faço
A poesia é a forma de duvidar.
Duvido de tudo que existe
E pra mim nada se concretiza
                             enquanto eu não provar.
É assim que funciona
Quebra um lado,
Conserta o outro.
Os caminhos nasceram turvos
Basta que a gente saiba trilhar.
Não me ensinaram a regra do jogo
Só me disseram pra jogar.
Eu, solta pelo mundo,
me pus a duvidar.
Duvidei de dois ou três
Quatro me provaram de cara.
Me disseram "segue a linha do horizonte"
Aquela linha longa que nunca para.
O mundo então é redondo
Alguns me disseram "sim"
Até disso duvidei
Quando vi a lua é que dei por mim,
Sombra curva no céu
A lua, a Terra sombreia
E eu aqui parada,
rindo de zombeteira!
Quando me ponho muito a pensar
Já sei, lá vem poema
Então corro pra caneta e papel
E deixo o coração vazar.
Já era pra eu ter aprendido,
poetisa não tem caminho certo.
Certo é caminhar
com papel, caneta e dúvidas no lugar.
No lugar de que?
Na mão, na bolsa
              ou no coração?
Em todos os lugares
e em lugar nenhum.
É que eu duvido também do ar.
Vai que ele sopra
e leva meus poemas pra outro lugar?!
Mas é para o mundo que escrevo
Então deixo o vento ventar.
Deixo a água correr
E essa caneta azul deslizar
                             papel abaixo.
Correnteza forte,
Fluxo de palavras
E emoções à prova.
Junto tudo bem pertinho
Passo a mão nesse poema.
Sorrio de leve, de cantinho.
E deixo o vento levar.
Hoje eu duvido é do meu juízo.