terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Previsão de hoje: Chuva intensa.

Adoro dias de chuva, adoro me molhar. Depois seca. Trocamos de roupa, não de memória, não do gosto do gelado tomando o corpo e refrescando a alma. Mesmo que na hora errada, mesmo que no inverno, o frio repentino da chuva sem sombrinha vem para nos provar que somos vulneráveis. Coisa que esquecemos ao curar uma gripe com antigripais. Estamos abaixo da chuva, sempre. Mesmo que ela não esteja aqui, nós estamos, aguardando por ela. Olhando para cima, sentindo que algo falta. Disfarçamos, olhamos para o lado, para alguém que passa e silenciosamente também sente o vazio que a chuva deixa no peito quando parte.
Fico animada em dias chuvosos, sinto-me ansiosa, como se algo de bom fosse chegar junto com a chuva. Como se ela fosse a mensageira de algo bom. Fico mais sensível com a chuva, dengosa até, mole, mole.
Dormir com chuva, saracotear na chuva, olhar filme com chuva, esquecer do filme e olhar só para a chuva, chuva no café preto, chuva na janela (por essa tenho especial afeição).
A chuva nos relembra momentos especiais, que foram especiais pela chuva.
E não quero saber se outros não gostam dela. Não quero sequer lembrar que outros pensam nela. Eu penso, eu sinto. Até com certo ciúme. Sinto-me ligada com a chuva e quem com ela se liga, está ligado a mim também. Conectora, a chuva. Meio de transporte de sentimentos. Sem a necessidade de palavras. A chuva leva somente sensações.
Provavelmente minha paixão pela chuva seja minha ligação ainda com meus tempos de réptil saindo d’água e tomando a terra firme. Guardo muito dos meus antepassados comigo ainda. Quando a incerteza da vida em terra firme só era amenizada com o encharcar do solo, aliviando a secura e invadindo de vida o meio.
Somente num dia como hoje mesmo para que eu transpusesse tudo que sinto com a chuva dessa forma no papel. Somente um dia de chuva pode libertar nossas sensações e revelar quem somos. Caia chuva.


Abraço molhado de chuva, até breve!

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