Falando em sinceridade ontem (e sempre, nas entrelinhas) eu
discutia com uma amiga sobre ser sincero e o preço que se paga por isso. A facilidade
de se enganar é gritante, mas temos que ao menos saber do preço de se viver de
verdade. Particularmente acho que a facilidade possui um traço de falsidade. Prefiro
distância. É um risco que se assume ao abraçar a sinceridade, nem todos podem
pagar ainda. Antigamente para tapar buracos em obras esculpidas em, principalmente, mármore era utilizada cera, assim se deu a origem da palavra
sinceridade, sem cera é de verdade, com cera a obra é falsa ou falha. Concordo,
não poderia ser mais real, sentimentos com cera até enganam por algum tempo,
mas a cera derrete e o tempo mostra as falhas. A cera tapa os buracos por um
motivo e se nossa tristeza interior for infinita a única saída é tirar toda
essa farsa e viver de verdade com a tristeza ao nosso lado saboreando o que a vida
pode trazer. Talvez ela amenize esse buraco que temos no peito ou realce, mas o
sabor da verdade é tentador e certamente o mais marcante de todos. Não há
vitória, amor, alegria ou realização que se compare a uma verdade admitida. A verdade
nos salva, por isso tirar a cera, “sin cera” é mais gratificante de se viver.
E pra alegrar os olhos, uma das minhas telas favoritas de
Van Gogh, “Starry Night”. Van Gogh em suas obras apelava para as cores e sabia
que delas poderia extrair sensações das pessoas, isso me soa muito de verdade. Além do mais, quer algo mais sincero que a vista das estrelas? Ok, as estrelas em si podem ser "falsas" aos olhos distantes, mas a sensação, o ato de olhar as estrelas é extremamente sincero. As estrelas devem derreter a cera quando olhamos pra elas.
A cera não precisa tapar os buracos, na verdadeira obra, as falhas são parte importantíssima, é o que mostra o real, o imperfeito. Um brinde à verdade, doa a quem doer.
A cera não precisa tapar os buracos, na verdadeira obra, as falhas são parte importantíssima, é o que mostra o real, o imperfeito. Um brinde à verdade, doa a quem doer.
Um abraço (sem cera) e até breve!
É isso ai amiga! Viva a falta de cera!
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