terça-feira, 3 de julho de 2012

Starry Night



Falando em sinceridade ontem (e sempre, nas entrelinhas) eu discutia com uma amiga sobre ser sincero e o preço que se paga por isso. A facilidade de se enganar é gritante, mas temos que ao menos saber do preço de se viver de verdade. Particularmente acho que a facilidade possui um traço de falsidade. Prefiro distância. É um risco que se assume ao abraçar a sinceridade, nem todos podem pagar ainda. Antigamente para tapar buracos em obras esculpidas em, principalmente, mármore era utilizada cera, assim se deu a origem da palavra sinceridade, sem cera é de verdade, com cera a obra é falsa ou falha. Concordo, não poderia ser mais real, sentimentos com cera até enganam por algum tempo, mas a cera derrete e o tempo mostra as falhas. A cera tapa os buracos por um motivo e se nossa tristeza interior for infinita a única saída é tirar toda essa farsa e viver de verdade com a tristeza ao nosso lado saboreando o que a vida pode trazer. Talvez ela amenize esse buraco que temos no peito ou realce, mas o sabor da verdade é tentador e certamente o mais marcante de todos. Não há vitória, amor, alegria ou realização que se compare a uma verdade admitida. A verdade nos salva, por isso tirar a cera, “sin cera” é mais gratificante de se viver.  
E pra alegrar os olhos, uma das minhas telas favoritas de Van Gogh, “Starry Night”. Van Gogh em suas obras apelava para as cores e sabia que delas poderia extrair sensações das pessoas, isso me soa muito de verdade. Além do mais, quer algo mais sincero que a vista das estrelas? Ok, as estrelas em si podem ser "falsas" aos olhos distantes, mas a sensação, o ato de olhar as estrelas é extremamente sincero. As estrelas devem derreter a cera quando olhamos pra elas.
A cera não precisa tapar os buracos, na verdadeira obra, as falhas são parte importantíssima, é o que mostra o real, o imperfeito. Um brinde à verdade, doa a quem doer.

Um abraço (sem cera) e até breve!

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